Diário de Bordo - Sérgio

 

10/08/2006

Acordei às sete horas e logo comecei a arrumar as coisas para retornarmos para Salvador. Tirei a capa da mestra e, aproveitando que as crianças quiseram ficar mais um pouco na cama, costurei o porta-tala da vela mestra que, na vinda para Morro, tinha rasgado. O conserto foi rápido, recoloquei a tala e chamei novamente as crianças. Logo soltamos a poita faltando quinze para as oito e seguimos para a saída da barra. Seguimos muito rápido, pois a maré descia com grande vazão, por causa da lua estar quase cheia. Ao sair da barra, as ondas cresceram muito e o vento aumentou, pemitindo que desligássemos o motor. Quando nos afastamos um pouco do Morro, as ondas diminuíram de tamanho e seguimos velozmente na direção de Salvador. Pouco depois, avistamos nossas amigas baleias, no mesmo lugar que as vimos quando viemos para Morro de São Paulo. Estranhei que a Carol, que havia voltado para a cama após a saída, não quis ver as baleias. Passamos por elas e ainda vimos uma cauda mergulhando na nossa popa. Algum tempo depois, chamei a Carol para o turno dela. Ela veio, mas quinze minutos depois começou a passar mal de enjôo. Acho que terei de dar Meclin para ela em todas as travessias onde o mar pode engrossar. Retornei para o turno e continuamos velejando. O vento vinha de leste, o que proporcionava uma orça folgada muito gostosa, com o vento variando de 10 a 15 nós e o Fandango velejando a todo pano. O sol estava maravilhoso e nos acompanhou em toda a travessia.  Quando eram duas horas da tarde já estávamos chegando em Salvador. Resolvi cortar caminho, consultei a carta náutica e vi profundidades mínimas de 19 metros se seguíssemos direto para o waypoint perto do CENAB. Mudei o rumo, mas, algum tempo depois, comecei a ver rebojos na água como se existissem bancos de areia muito rasos no local. Retornamos um pouco, liguei o ecobatímetro e fomos acompanhando a profundidade, desviando dos rebojos maiores. Ela estava louca. Pulava de 20 para 60 para 30 para 9, etc. O mínimo que vimos foi nove metros, mas a carta prometia no mínimo dezenove! Não sei se o banco era muito raso mesmo ou se era só efeito da maré que subia rapidamente, mas na dúvida, desviamos dos rebojos e tomamos o caminho da nossa primeira chegada, indo até o Farol da Barra e seguindo encostado a Salvador. Pouco depois do Farol da Barra, três golfinhos passaram ao lado do barco, sumindo na nossa popa. Chegamos no CENAB e encostamos com alguma dificuldade, por problemas com o cabo de atracação e um vento que fez nossa proa girar. Saí de novo e na segunda atracação tudo ocorreu normalmente. Descemos e fomos direto para um restaurante por quilo no Pelourinho para almoçar. Comemos um sorvete no Elevador Lacerda depois do almoço e retornamos para o barco. Digitei um pouco dos diários atrasados e fomos tomar nosso banho. Após um chá no barco, voltamos ao trabalho, lemos o final do excelente livro “Capitão de Longo Curso” e fomos dormir.

 

11/08/2006

Acordei às oito horas e fui comprar pães para o café da manhã. Tomamos um ótimo café e logo chegaram Patrícia e Pilar, duas amigas que as crianças fizeram em Itaparica. Mostramo-lhes nossa “casa” e conversamos bastante no barco sobre a viagem. Elas nos trouxeram um artigo do Aleixo Belov, que está construindo um barco para sua quarta circunavegação, esta, não mais em solitário. Logo saímos para passear. Pegamos um ônibus e elas nos levaram até a Igreja Senhor do Bonfim, onde ainda não havíamos ido. Driblamos os ambulantes e pedintes na porta e entramos. A igreja é belíssima e está extremamente bem conservada. Muitos fiéis e turistas estavam no local. Uma equipe de reportagem da Globo filmava para fazer uma matéria. Vimos a sala onde fiéis, com pedidos realizados, colocavam fotos, bonecos de pedaços de corpo e outras coisas. A fé se encontra presente com mais força naquele local. Batemos fotos e saímos. Ganhamos patuás e fitas do Senhor do Bonfim das meninas e as amarramos às grades da igreja, fazendo três pedidos (não posso contá-los, mas um acho que vocês já imaginam!). Pegamos outro ônibus e paramos na Ribeira, para tomar um delicioso sorvete, na frente de duas marinas. Retornamos ao barco e nos despedimos delas, já tentando marcar outro passeio. As duas moças são muito atenciosas e simpáticas e gostaríamos de vê-las novamente. Descansei um pouco e resolvemos passear mais. Fomos até o Mercado Modelo e comemos acarajés lá. Foi o pior acarajé que comemos até agora! Depois fomos andando até a Bahia Marina, onde encontramos o amigo Alexandre e vimos uma escuna fantástica e uma grande lancha, onde ele está trabalhando. Conversamos um pouco e saímos, seguindo para o Solar do Unhão, onde fica o Museu de Arte Moderna da Bahia. Fiquei impressionado com o local. É belíssimo! Um antigo e enorme casarão colonial, extremamente bem cuidado, recebe exposições de arte e tem uma exposição permanente do fotógrafo Pierre Verger. Não gostamos muito da exposição de arte, mas as fotos...UAU! Fotos em preto e branco da Bahia dos anos 50 e de suas festas populares. Quem for à Salvador deve visitar o Solar, pois vai gostar muito. Ainda pegamos um pôr-do-sol muito bonito e retornamos rapidamente à marina antes que escurecesse. Tentamos ainda ir num espetáculo de dança folclórica, mas era caro, ia começar tarde e achamos que não valia a pena. Comemos salgados na Cubana do Elevador Lacerda, tomamos sorvetes e retornamos para o barco, onde acabei de digitar os diários das crianças e eles estudaram. Começamos a ler um novo livro: “A Revolução dos Bichos”.

 

12/08/2006

Logo que acordei fui fazer a navegação para a baia de Aratu. Assim que acabei, chamei as crianças para tomarmos café. Liguei o motor para carregar as baterias, completamente descarregadas, e aproveitei para responder e-mail’s. Como iríamos para Aratu na parte da tarde, aproveitamos o tempo livre para fazer um passeio até o Farol da Barra. Pegamos o ônibus ao lado da marina e logo estávamos lá. O Farol é maravilhoso e tem um excelente museu anexo. Muitos instrumentos náuticos antigos e muitas maquetes de naus, caravelas, galeões, saveiros, canoas, etc. fizeram a alegria total do Jonas. A visita foi muito interessante e vimos também um cartaz com a incrível história de uma estátua de Santo Antonio, para o qual o pessoal da cidade e do forte pedia proteção. Como “agradecimento”, a estátua recebeu o cargo de tenente pelo Imperador Dom Pedro I, com respectivo soldo. Para quem ia o dinheiro, ninguém disse. Apenas em 1909, um funcionário do governo acabou com a alegria de quem recebia o soldo e o cargo e remuneração foi removido da estátua. Retornamos para o CENAB e fomos almoçar. Bateu o cansaço e resolvemos mudar de planos e ficar em Salvador mais um pouco. Aproveitei para descansar e fazer diários. Encontramos do André do “Magic Too” e aproveitamos para assinarmos nossos livros de visita respectivos. Passeamos um pouco no Mercado Modelo e mais tarde, nossos amigos André e Adriana ligaram nos convidando para dormir na casa deles e ir até a Marina Aratu no dia seguinte de manhã. As crianças ficaram eufóricas para ver o Vitor e o Marcelo de novo e então fizemos as malas. Deixamos o “Fandas” sozinho pela primeira vez desde minha cirurgia, mas tranqüilos, pois o CENAB é muito seguro. Na casa deles, as crianças ficaram brincando o tempo todo e nós, após comermos uma deliciosa pizza, ficamos conversando e vendo fotos, até dar o horário de botar as crianças (e adultos) na cama.

 

13/08/2006

Acordamos e logo chamei as crianças, que deram os beijos de dia dos Pais. Tomamos um ótimo café com os Hagge e logo saímos para a marina. Aratu fica bem longe de Salvador e é um local muito deserto. A Marina Aratu é boa e tem uma estrutura legal. O dia estava lindo e conhecemos o lindo Brasília 32 de nossos amigos: o Gabushí. Ele está muito bem preparado e tem algumas coisas muito interessantes: uma excelente plataforma de popa, paiol de gás externo embaixo da plataforma, bimini, dog house rígido, targa, etc. Enfim, está muito bem preparado para cruzeiros longos e para morar a bordo. Além de tudo está muito bem cuidado. Ajudei o André a colocar alguns parafusos no acrílico que eles estavam trocando e depois tomamos um refrigerante na marina. Vimos vários barcos interessantes lá. Depois fomos até o Aratu Iate Clube, onde eu pretendia ter ido ontem. O clube é muito bonito e tem uma excelente estrutura. Uma pena é que ele fica numa área muito pobre e não tem nada para fazer lá. O comércio é muito fraco e me disseram ser perigoso andar por lá. Para pegar ônibus para Salvador tem que andar um bom pedaço a pé e da mesma forma para fazer compras. O que eles estão cobrando para ficar numa poita é praticamente o que estão me cobrando para ficar no CENAB no píer. Vendo isso, comecei a reformatar meus planos. Acho que iremos para o fundo da baia e passearemos pela ilha da Maré e ilha dos Frades, retornando para o CENAB e nossa querida Salvador. Eles nos deixaram de volta na marina, pois tinham um compromisso e nós fomos telefonar para alguns “pais” para parabenizá-los. Subimos para o Pelourinho e fomos no nosso restaurante preferido daqui: o “Pomerô”. Comemos muitíssimo bem e descobrimos que ele é do mesmo dono do MamaBahia, que também é excelente. Descemos para o largo do Pelourinho e vimos alguns quadros muito bonitos, inclusive alguns de Parati. Batemos um papo gostoso com o pintor Zelito e seguimos nosso passeio. Quando retornamos ao Elevador Lacerda, aproveitamos para tomar um sorvete e ver o sol descendo no horizonte. Qual não foi minha surpresa ao ver o maravilhoso “Cisne Branco” ancorado ao longe. Aproveitamos as lunetas que há lá para vê-lo com mais detalhes. Acho que faremos uma visita a ele nos próximos dias. Retornamos à marina, onde aproveitamos para dar uma ordem no barco e recolocar uma série de coisas no lugar, principalmente nossas “malas-armário”. Tomamos um delicioso banho e nos pusemos a fazer diários e obrigações. Acabamos dormindo bem cedo, sem coragem nem para ler um pouco.

 

14/08/2006

Acordamos tarde, com o tempo chuvoso e, após o café da manhã, fui até a ANATEL tentar resolver um problema de licença do rádio, para a Refeno. Seguimos para lá com o simpático Novais em seu táxi. Fomos muito bem atendidos na ANATEL e deixamos toda a documentação necessária para fazer a licença. Agora resta aguardar que examinem os documentos. Na volta para a marina, paramos no Mercantil Rodrigues e fizemos compras. Comprei cajus para as crianças experimentarem. Voltamos à marina e descarregamos as compras. Comemos dois cajus e a Carol gostou. Pouco depois que chegamos, já estávamos esperando a Patrícia e a Pilar, que iriam nos levar para passear por Salvador. Pilar pôs um CD de “Arrocha”, novo ritmo da moda, no carro para escutarmos. Saímos em direção ao Monte Serrat, uma ponta de terra com um antigo forte, muito bem conservado. Ele está sob cuidados do exército e tem alguns canhões modernos em seu jardim. Dentro do forte há um canhão antigo que ainda funciona. Está todo pintado e é usado de vez em quando com pólvora apenas, para dar tiros de comemoração. Ao lado do Monte Serrat, um linda praia com alguns recifes e água transparente faz a alegria dos moradores do bairro. Um senhor aposentado começou a conversar conosco, com toda a simpatia bahiana, mas achei-o meio solitário. Batemos muitas fotos e fomos então para uma igrejinha próxima ao Monte Serrat. Um senhorzinho jogava uma tarrafa tentando pegar alguns peixes ao lado da igreja. Os soteropolitanos são felizardos pela linda cidade, com histórias, com cultura e com o bem cuidado mar que tem ao redor. Talvez daí venha a alegria de viver, estampada no rosto e nas ações de cada um. Fomos até a Ribeira e lá tomamos um delicioso sorvete. A Patrícia e a Pilar nos honraram assinando nosso livro de visitas. Tenho que falar um pouco de cada uma de nossas amigas: Pilar é a alegria em pessoa. Sempre sorridente e brincalhona, não tem parada e está sempre arrumando algo divertido para fazer ou falar. Patrícia é a moça das soluções. Com o ar um pouco mais sério, mas sem perder o sorriso bahiano, está sempre atenta ao que acontece e às necessidades de todos. As duas são fantásticas! Passamos na frente da igreja de Nosso Senhor dos Navegantes e demos uma parada. Fotografamos e fiz uma rápida prece em silêncio, pedindo proteção na viagem. Resolvemos ir comer um acarajé no Rio Vermelho. Fomos até o Acarajé da Cira, para experimentá-lo. É ótimo também e acho que vou ter de comer mais uns vinte em cada uma delas para resolver qual é o melhor. Experimentamos também o abará, que é o acarajé cozido em vez de frito. Fica muito bom também, mas acho que prefiro o acarajé. A Carol achou o mesmo. Nossas amigas nos deixaram no barco novamente e, quando entramos a Carol reclamou de dor de cabeça e um pouco de cansaço. Falei para descansarmos um pouco, antes de fazer o diário. Resultado: todos nós dormimos e acordei apenas às dez e meia com um telefonema da Lu, o que foi providencial para que eu pudesse fechar o barco para não passarmos frio à noite.

 

15/08/2006

Logo que acordamos, uma bela novidade! O Navio-Veleiro Cisne Branco da Marinha do Brasil estava bem próximo à nos e podíamos ver sua linda proa e mastros da rampa da marina. O primeiro a ver foi o Jonas e veio todo ansioso nos chamar para vê-lo. Logo liguei para o Rio de Janeiro, para ver se conseguia visitá-lo aqui, já que, quando estávamos no Rio, não conseguimos, pois o maravilhoso navio estava viajando. Falei para as crianças fazerem suas coisas logo (nunca fizeram tão rápido e com tanta vontade!) para que pudéssemos visitar o navio. Após o café da manhã, diários e um bom banho, pois ontem nem banho conseguimos tomar de tão cansados, lá fomos nós para o Cisne Branco de botinho, mesmo com ameaça de chuva. Chegamos ao lado do lindo veleiro (como nos sentimos pequenos dentro do botinho ao lado dele!) e vimos todos os detalhes de sua proa e costado. Além de muito bem construído, ele é muito belo e rico em detalhes e belos acabamentos. Subimos a escadinha de “quebra-peito” e logo éramos recebidos pelo simpático Comandante Leonardo Puntel e pelo atencioso Imediato Paolo Coriolo. Fomos para a linda sala, toda em madeira e ficamos conversando sobre o navio e suas viagens e sobre o sonho que estamos realizando. Presenteamos o Comandante e o Imediato com as bandanas dos Três no Mundo e uma revista de Ilhabela, com uma matéria nossa. Vimos um lindo filme sobre o barco e fomos presenteados com lindos bonés, camisas, um CD com o filme e fotos do veleiro e um livro muito bonito sobre o Cisne Branco, que foi fruto de disputas para ver que o lia primeiro quando voltamos para o Fandango (resolvemos lê-lo os três juntos!). Fizemos uma visita completa, inclusive sala de máquinas neste maravilhoso navio, como diz o imediato, do século XVIII do convés para cima e com a alta tecnologia do século XXI do convés para baixo. Ficamos impressionados com os números de visitantes deste cartão-postal da Marinha do Brasil: quinze mil visitantes em um único dia. Todos os lugares por onde ele passa chama a atenção, pela beleza e elegância, transformando-o num embaixador brasileiro em cada porto que para. Foi maravilhosa a visita e esperamos vê-lo muitas vezes ainda (foi a nossa quarta vez, mas sempre que subimos à bordo ficamos impressionados). Tomo a liberdade de transcrever versos de Álvaro Campos, do livro “Passagem das Horas”, de 1916 da Editora Nova Fronteira que se encontram no livro “Cisne Branco – Uma Ode Marítima” que ganhamos:

“Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que não se pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero...”

Se quiserem ver mais sobre o Cisne Branco, acessem www.u20.mar.mil.br .

Retornamos ao Fandango felizes, ainda mais sabendo que iremos revê-lo e à sua simpática tripulação em breve, pois fomos convidados para um coquetel ao pôr-de-sol na quinta-feira. Logo que chegamos ao Fandango, comemos ovos fritos com pão e fomos encontrar com Marcelo Estraviz, que está acompanhando nossa viagem na internet e que se encontra visitando Salvador. Encontramos com ele e seu amigo, também Marcelo (ficou fácil para eu lembrar os nomes!) no Mercado Modelo. Em poucos minutos de papo, parecia que nos conhecíamos há anos. Conversamos bastante de nossa viagem e ele contou que estava com um grupo de espanhóis que está viajando pelo Brasil, trazidos pelo outro Marcelo. Fomos convidados para ver a missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, no Pelourinho, que é realizada utilizando-se instrumentos musicais do Candomblé. Fomos até lá e vimos uma boa parte da missa, muito mais alegre e musical do que as nossas tradicionais, retratando bem o que o espírito bahiano. Nos despedimos e retornamos para o barco, onde fiz um arroz, lentilha e paio na nossa panela de pressão. Após o jantar, fomos visitar o Nelson, a Sônia e a Nádia do barco “Salmo 33”. Enquanto conversávamos tranqüila e alegremente, vieram nos pedir socorro. Um senhor estrangeiro, que está num barco na ponta do píer e que sempre víamos passar totalmente desequilibrado de bêbado no começo da noite, abusou da sorte e da ajuda dos “anjos-da-guarda dos bêbados” e despencou dentro da água. Foram precisos quatro homens para tirá-lo da água e ainda bem que ele não bateu a cabeça ao cair. Mesmo o susto e o banho frio não o fizeram melhorar e lá foi ele, cambaleando para o seu barco, com duas pessoas atrás para não deixá-lo cair novamente, sob o efeito, provavelmente, das “roscas” (caipirinhas de vodka) da Bahia. Voltamos à conversa e deixamos nosso livro de visitas para eles assinarem, trazendo o deles para nós assinarmos com calma e inspiração. No barco, ainda lemos “A Revolução dos Bichos” e dormimos felizes com o dia cheio de atividades.

 

16/08/2006

Acordei cedo com o dia chuvoso e fui tratar do diário e de escrever uma mensagem no livro de visitas do “Salmo 33”. Fui buscar pães e tomamos nosso ótimo café da manhã tradicional. Depois fomos visitar o Forte São Marcelo, que está bem ao lado da marina onde estamos. Ele é conhecido como o “Umbigo da Bahia”, apelido dado por Jorge Amado num de seus livros, em virtude do formato circular do forte e de sua localização (o forte fica dentro do mar). Ele é muito bonito e está muito conservado, pois acabou de ser restaurado. Cada sala dele foi montada com um assunto diferente, todos girando sobre o mar, o forte e Salvador. Em algumas salas foram colocados aparelhos de última geração para apresentações como um simulador de mergulho, simulação de tiros de canhão e outros. A vista de cima do forte, ainda mais na linda tarde ensolarada, era fantástica em todos seus 360 graus. De lá tirei várias fotos e ainda contemplamos o maravilhoso Cisne Branco atracado no porto. Retornamos para o Fandango e fiz um feijão preto bem caprichado, que todos gostaram. Pouco depois a Patrícia veio nos visitar rapidamente e trouxe um lindo presente: o livro “3a. Volta ao Mundo do Veleiro Três Marias” de Aleixo Belov. Adoramos o presente e o Jonas já ficou ansioso para lê-lo. Pouco depois, ela foi embora e nós fomos ao Pelourinho tomar um sorvete na deliciosa sorveteria Cubana. Na saída, encontramos com o Rolim, do barco Compostela, que conhecêramos em Ilhabela a cerca de três anos. Ele e a esposa estão viajando desde aquela época, quando estavam começando a navegar. Coincidências...Voltamos ao Fandango onde trabalhamos mais um pouco e lemos dois capítulos do “Revolução dos Bichos”.

 

17/08/2006

Acordamos cedo e logo tomamos nosso café da manhã. Em seguida tomamos um gostoso banho e nos arrumamos para a segunda visita ao Cisne Branco, acompanhando nossas amigas Patrícia e Pilar. Enquanto as esperávamos, olhei para o andar de cima da marina e quem eu vejo? Aleixo Belov dando uma entrevista para a rede Globo. Chamei as crianças, pegamos o livro que ganhamos ontem e logo estávamos ao lado dele conversando, contando de nossa aventura e pedindo um autógrafo no livro! É muita coincidência! Ele foi muito simpático conosco, mas a Rede Globo, pela segunda vez, nos enxotou (a primeira foi com a Zélia Gattai, lembram-se?). As meninas chegaram e logo estávamos indo de botinho para o lindo veleiro (tivemos que fazer duas viagens para não assustá-las). Chegamos lá e fomos recebidos pelo simpaticíssimo sargento Gil, que nos levou a todos os cantos do barco novamente. Para elas tudo era novidade. Para nós, era a chance de olhar com outros olhos, percebendo ainda mais cada detalhe do maravilhoso barco. Eu me prendi mais nos detalhes dos cabos das velas (por sinal, são dezoito quilômetros de cabos para serem trabalhados) e todas as reduções necessárias para içá-las, mareá-las e mexer com as vergas. Após a visita voltamos ao Fandango e nossas amigas saíram rapidinho, já atrasadas para o trabalho. No barco, fizemos um lanche rapidamente e saímos para ir à ANATEL, pois eu precisaria pegar boletos de pagamento para a licença de rádio (ainda bem que meu rádio era um dos rádios homologados!). Na saída do CENAB, outra grande surpresa: encontramos o Carlão, dono do outro Fandango (o Fandango II), um Brasília 27’ S que era nosso vizinho em Ilhabela e que se mudou para a Bahia a mais ou menos uns três anos. Era para eu ajudar a trazer o barco naquela época, mas por causa do atraso com uma manutenção no motor, a data de partida não bateu com datas que eu estivesse livre. Batemos um papão e ganhamos uma carona do Carlão, que ia para o mesmo lado que nós. Foi bom vê-lo contente e satisfeito com a vida na Bahia. Quanto ao Fandango dele, está muito bem e ele disse que fez várias coisas a mais no barco. Nos disse ainda que é muito difícil ele vir para o lado da marina e que foi uma grande coincidência. Coincidência? Bahhh! Acho que já não acredito mais em coincidências! Na ANATEL tivemos uma excelente recepção e rapidamente eu estava com o boleto para ser pago. Fomos até o Banco do Brasil e o pagamos rapidamente também. Voltamos de ônibus para o CENAB e, no barco, mal chegamos já nos arrumamos para ir até o Cisne Branco, pois havíamos sido convidados para assistir a cerimônia de arriamento da Bandeira Brasileira, ao pôr-do-sol. Colocamos nossa melhor roupa e lá fomos nós. O barco estava todo arrumado e desta vez tivemos a chance de vê-lo no píer, pois das outras chegamos de botinho. Vimos o arriamento da bandeira, com o sol se pondo maravilhosamente belo do convés do Cisne Branco. Cantamos o Hino Nacional e foi emocionante (acho que, nessa ocasião, as crianças compreenderam a importância e a beleza de tê-lo decorado). Muitas autoridades estavam presentes e, entre elas, Aleixo Belov. Conversamos mais um pouco com ele, conhecemos o Comandante do 2o. Distrito Naval e aproveitamos para agradecer toda a acolhida que nos tem sido dada, conversamos um pouco com o Comandante Coirolo e com o Comandante Puntel e tivemos um longo papo com o Sargento Gil, sobre as coisas que as crianças estão aprendendo com essa viagem. Cansados do longo e agradável dia, nos despedimos, agradecendo o convite para tão bela cerimônia. Na saída, ainda parei um pouco no píer para admirar a linda mastreação do veleiro, com seus infindáveis cabos e as lindas vergas iluminadas sustentando as velas que descansavam. O Pavilhão Nacional tremulava sob a luz dos holofotes à brisa quente da Bahia. Chegamos no barco e as crianças estudaram um pouco. Pouco depois estávamos descansando do longo e agradável dia.

 

18/08/2006

Acordamos cedo e começamos a arrumar um monte de coisas que precisávamos. Em virtude de uns “desentendimentos” entre as crianças, o serviço demorou e não pudemos sair para ver o Cisne Branco partir. Ficamos no píer vendo-o ir embora e abrindo as velas latinas assim que saiu do quebra-mar do porto. Lindíssimo! Voltamos aos afazeres e resolvi aproveitar para procurar alguns foguetes de sinalização náutica que estavam vencendo. Achamos perto da marina e eu os comprei. A Carol ganhou alguns anzóis japoneses de presente, que não precisam de isca para pescar (eles vem com um plástico vermelho que enganam o peixe). Voltamos ao barco e conhecemos o casal do barco “Pélagos”, que tinham acabado de chegar na marina. Eles vieram com o Costa Leste, mas resolveram vir direto para Salvador, em vez de entrar em Camamu com os outros. Esperamos a Patrícia e a Pilar que iriam fazer um passeio conosco. Logo elas chegaram, trazendo presentes (salgadinhos e bonés!) e zarpamos. O dia estava muito bonito e velejamos até o Farol da Barra. Uma das vantagens de Salvador, é que o vento sempre aparece e podemos velejar. Fomos conversando sobre o lindo litoral e os contrastes de Salvador, batendo várias fotos. Fizemos meia volta e seguimos então na direção de Monte Serrat. Com o conhecimento delas de Salvador, conseguíamos distinguir no mar todas as coisas que havíamos visto em terra. Retornamos então para a marina, não sem antes dar uma parada para um banho de mar. O único que não entrou foi o Jonas! Após o banho retornamos rapidamente para a marina para irmos até o “Céu”. Esse lugar, onde eu estive em 2002, é um barzinho de ótima comida e cerveja bem gelada, que tem um terraço sem cobertura de onde avistamos toda a Baia de Todos os Santos e as estrelas. Daí o apelido “Céu”. Ele fica bem ao lado de um dos planos inclinados (elevadores que ligam a cidade baixa com a cidade alta) de Salvador. Comemos muitíssimo bem dois escondidinhos e um arrumadinho. Retornamos para a marina, onde conversamos com alguns velejadores e tomamos um bom banho. Fomos até o Elevador Lacerda e tomamos sorvetes na Cubana. Demos um passeio até o Pelourinho e vimos uma apresentação muito legal do Olodum-cover Didá, andando pelas ruas do Pelourinho tocando, com muitos turistas e locais dançando atrás. Voltamos ao barco e lemos o “Revolução dos Bichos” antes de dormirmos.

 

19/08/2006

Após nosso café da manhã, fui pegar nossa roupa que estava na lavanderia e saldar nossa conta no CENAB. Logo estávamos zarpando para Aratu, para passar o final de semana lá. O vento logo apareceu e velejamos o tempo todo. Passamos em frente ao Monte Serrat, onde estivemos ontem, vimos um saveiro à vela (apenas dois ainda velejam pelas águas da Baia de Todos os Santos), passamos em frente à Periperi, que as crianças conheceram através do “Capitão de Longo Curso” do Jorge Amado e fomos chegando na Ilha da Maré. Viramos então à direita num canal estreito, mas muito fundo, aonde vimos vários navios grandes e uma base naval da Marinha. Fomos seguindo a sinalização do bem balizado canal e logo estávamos numa grande e tranqüila baia, com muitos mastros de veleiro à frente (Marina Aratu) e à direita (Iate Clube de Aratu). Chegando na Marina Aratu, duas horas e meia depois de termos saído do CENAB, o primeiro barco que vimos foi o “Fandango” do Carlão. Ele nos disse para pegarmos uma poita ao seu lado e lá ficaram os dois Fandangos lado a lado, virando curiosidade para as pessoas que passavam perto. Fomos até o barco dele e conversamos um pouco, brincando com o papagaio muito mansinho que eles tem. Descemos então em terra e fomos encontrar os Hagge, que estavam no barco. Ajudei um pouco na arrumação e as crianças ficaram brincando com o Marcelo e o Vitor. Voltamos para almoçar no barco um resto de feijoada que eu não queria deixar que estragasse, vimos o belo pôr-do-sol e retornamos para terra. As crianças levaram o kit de mágicas e o Zigity e ficaram brincando o tempo todo com eles. Como eles se identificaram! Conversamos muito no barco e eles nos falaram diversas vezes para não deixar de correr a Aratu-Maragogipe. No final do dia, o Vitor veio dormir no nosso barco e ainda acabamos de ler o “Revolução dos Bichos”.

 

20/08/2006

Sete horas da manhã eu já chamava todos. Como o Vitor estava lá e todos estavam ansiosos para brincarem, não houve reclamações. Fiz panquecas para nosso café da manhã e o Vitor adorou. Às oito e meia fomos para terra e outros amigos dos Hagge estavam chegando para passar o dia com eles, todos muito simpáticos. Logo saímos com os dois barcos e o Vitor foi conosco no Fandango. O motor do Gabushí esquentou, por causa da tampa do radiador (André ainda não conseguiu achar a tampa certa). Eles nos jogaram um cabo, pois não havia vento, e lá fomos nós rebocando o Gabushí para a prainha, que fica perto, mas com a maré subindo e nos segurando. Fomos retornando pelo caminho que entramos, passamos pela grande e bela fábrica de biscoitos, que parece um navio de um determinado ângulo, e logo estávamos na prainha. Ancoramos os barcos próximos à praia e descemos. As crianças ficaram brincando com os barquinhos que haviam ganhado da Mô e da Lu e também ficaram fazendo barquinhos. Algum tempo depois, encontraram um pequeno baiacu e o colocaram num copo para brincaram. Eu fiquei conversando com o André e seus convidados. Foi uma deliciosa tarde na praia! Almoçamos no Gabushí e, quando eram três e meia, começamos o retorno para a Marina. Na volta, além do Vitor, veio conosco o Luan, filho do casal amigo dos Hagge. Havia vento e, mesmo contra, abrimos as velas. Fomos velejando em orça, dando bordos o tempo todo e rebocando novamente o Gabushí. Foi muito gostoso e o Luan ajudava o Jonas com os bordos. A Carol e o Vitor estavam sentados na proa, curtindo a velejada e o visual da região, brincando de passarem por baixo da genoa a cada bordo. Chegamos na Marina e logo estávamos em terra com nossas mochilas para tomarmos banho. Soubemos que o Luan já está falando em fazer curso de vela! Ajudamos o André e a Adriana a recolherem as coisas do barco, enquanto as crianças brincavam. De repente, quem aparece ao lado do Gabushí? O Alexandre!!! Ele trouxe as lanchas e a linda escuna que estavam na Bahia Marina para acabar o serviço de manutenção aqui na Marina Aratu. Acham pouca coincidência? Ao ver o barco dos Hagge, ele disse o antigo nome dele e disse que ajudou a colocar o mastro no veleiro! Conhece o Poesia (antigo dono e uma das pessoas mais conhecidas no meio náutico na Bahia) de longa data, e nos contou uma engraçada estória do “Poesia e o Papa”. Pouco depois ele se foi. Os Hagge deixaram uma bela mensagem no nosso livro de visitas, o que foi um momento emocionante para nós. Torcemos para que eles venham nos visitar em Ilhabela e, se Deus quiser, será com o barco deles em viagem. Tomara que eles consigam atingir seus sonhos, inclusive o de viajarem e viverem num barco. Pelo que vi deles até agora, são pessoas que colocaram esse tipo de vida como meta e estão trabalhando duro para isso. A ligação entre nós e eles tem crescido muito e eles se redobram em atenção para tudo que possamos precisar. Quando eles se foram, tomamos banho e voltamos ao barco. Fiz um risoto com paio e milho na panela de pressão que ficou muito bom e, após o ótimo jantar, dormimos esgotados.

 

21/08/2006

Acordamos tarde, fiz panquecas para o café e começamos a dar uma ordem no barco. Tentei ligar para uma pessoa que viria fazer uma luva externa para a retranca, pois a solda que eu mandei fazer em Salvador quando chegamos, começou a ceder. Desci em terra, falei com o gerente da marina, o Barreto, que nos permitiu ficar mais um dia de cortesia na marina para arrumarmos a retranca, e finalmente consegui falar com o Hamilton, que faria o serviço. Voltei ao barco para fazermos os diários atrasados e ficamos aguardando-o. Ele chegou e viu o serviço, apresentando um preço razoável. Desmontei a retranca com as crianças e levamos para os funcionários dele, que vieram buscá-la alguns minutos depois. Como ela só ficará pronta amanhã, resolvemos retornar à Salvador para pegar o documento do rádio do Fandango. Quando estávamos saindo, soubemos que o Dadi, a Denise e a Kika do Trawler Jade acabaram de chegar à Salvador. Fizemos uma volta a Salvador muito gostosa, com direito à uma bela velejada só de genoa e belíssimo pôr-do-sol. O único senão da volta foi o motor, que começou a diminuir de rotação repentinamente. Isso aconteceu diversas vezes. Cheguei a colocar mais diesel no tanque, para deixá-lo cheio, mas continuou assim mesmo. Assim que chegamos, conhecemos o Reinaldo e a Bernardete do veleiro Leoa Louca. O barco é um lindo Velamar 45, muito espaçoso e seguro. Encontramos e conversamos com o André do “Magic Too” e o Nelson do “Salmo 33”. Fomos até o Elevador Lacerda onde tomamos um “suco de sorvete” (sorvete batido com água) que adoramos e retornamos ao “Fandas”. Só tivemos pena de não termos podido encontrar os amigos do Trawler Jade, pois estavam cansados com a viagem. Estamos ansiosos para saber as novidades deles. Fizemos nossos diários e, após lavar algumas camisas minhas que havia esquecido de mandar para a lavanderia, fui dormir sabendo que o dia seguinte seria trabalhoso.

 

22/08/2006

Acordei bem cedo e fui até a ANATEL buscar o documento do rádio. Deixei as crianças dormindo, mas as avisei antes de sair. O lugar é longe, mas os ônibus foram rápidos e lá na ANATEL também, com toda a atenção do Marcelo Lago, funcionário muito atencioso que emitiu a licença do rádio para nós. Quando estava voltando, percebi que o ônibus iria passar na frente do Mercantil Rodrigues e aproveitei para fazer compras. Comprei muitas coisas de comida, pois em Aratu tudo é muito difícil e precário. Cheguei no barco com as compras eram mais de 11 horas e as crianças ainda estavam dormindo! Chamei-as e as deixei arrumando a louça, para podermos tomar nosso café. Enquanto isso, fui até o banco para sacar dinheiro e também comprar uma mangueira melhor para transferência de combustível (a que eu estava usando era muito mole e dobrava toda hora, interrompendo o fluxo de combustível). Retornei e me disseram na portaria que o Dênis do programa Bahia Náutica estava nos procurando. Falei com a editora do programa e marcamos uma entrevista às 14:30 hs. Voltei ao barco, tomamos o café da manhã e fomos comprar diesel no posto ao lado do CENAB. Voltamos ao barco e começamos à arrumá-lo, pois estava uma “zona”. Aproveitei o tempo para dar uma olhada no motor. Abri a válvula do filtro Racor e começou a pingar um monte de sujeira. Deixei escorrer bem e fechei-a. Tomamos um banho e ficamos esperando o Dênis. No horário marcado, lá estava ele, junto com um cinegrafista. A entrevista foi muito gostosa e acho que ficou legal. Logo saímos, já meio atrasados, para Aratu. O motor se portou muito bem grande parte do caminho. Aí eu fiz a besteira: falei baixinho no ouvido do Jonas que o motor estava ótimo (para o motor não escutar!). O problema é que ele tem um bom ouvido. Um minuto depois, lá estava ele baixando de rotação novamente. Isso aconteceu umas três vezes, uma delas quase parando o motor. Amanhã tentarei trocar o filtro Racor. Chegamos no Aratu Iate Clube e foi difícil achar alguém para nos receber (eles não atenderam nem no telefone e nem no rádio). Depois de um tempo procurando, achamos o caíque, com um funcionário muito atencioso que nos levou até uma poita. Arrumamos o barco e descemos para conhecer o clube. Não havia praticamente ninguém, mas conhecemos suas boas instalações e vimos informações da regata. Na lista de barcos inscritos, vários conhecidos. Retornamos ao barco onde fiz uma carne de sol com farofa e um arroz com ervilhas. Após o jantar, comemos mexericas e fizemos nossos diários. Dormi logo, cansado com o dia cheio de trabalho e novidades.

 

23/08/2006

Acordamos cedo e, logo após o café, recebemos a retranca consertada e descemos para conhecer o clube. Fiz a inscrição do barco na Aratu-Maragogipe e as crianças ficaram brincando com os barquinhos na piscina. Aproveitei para ir até o barco e montar a retranca e a vela mestra. Depois de umas duas horas de trabalho, retornei ao clube e fiquei aproveitando o lindo sol na piscina, ao lado das crianças. Resolvemos dar uma volta pelo píer para ver os belos barcos atracados ali. Entre alguns muito bonitos, achamos o famoso “Três Marias”, do Aleixo Belov, que já fez três voltas ao mundo. Perto dele, outro barco famoso: o “Aleluia” do Edson de Deus, que fez uma circunavegação do Atlântico Norte em um ano, com a esposa e filhas, viagem na qual eu me inspirei para montar a viagem que estamos fazendo. Retornamos ao barco, e aproveitei para fazer a limpeza do fundo do barco para a regata. Limpei tudo, cracas e musgos, e voltei ao barco para fazer o almoço. Após um risoto com milho, farofa e carne-de-sol frita, pegamos nossas coisas e fomos tomar um banho no clube. Aproveitei para falar com o Diretor de Vela, Duda, sobre a categoria na qual iríamos correr e retornamos ao barco. Cheguei meio cansado e logo após eu estava mal, completamente sem energia, com dor no corpo e dor de cabeça. Deitei e dormi logo, achando que eu estava com febre.

 

24/08/2006

Após uma noite bem ruim, na qual acho que tive febre e delirei, acordando várias vezes, acordei sem disposição e continuei na cama. Pela primeira vez na viagem, eu queria estar na minha casa tranqüilo e com a empregada para cuidar das coisas. As crianças fizeram o café da manhã delas e meu e eu fiquei deitado o tempo todo. Tomei dois Trimedal’s e continuei na cama. Quando eram umas três horas da tarde, as crianças foram até o clube brincar e eu aproveitei para levantar um pouco. Mais disposto, troquei os filtros de diesel para ver se resolve o problema de falhas do motor e, quando acabei, deitei de novo. Pouco tempo depois, as crianças voltaram e fizeram o jantar. Aproveitei para pegar o computador e fazer algumas coisinhas. Ficamos no barco, lendo, estudando e trabalhando no computador, para ver se amanhã eu já estarei bem. O Jonas assumiu meu lugar na leitura e começou a ler o último livro do Aleixo Belov.